Virada para todo mundo ver: 35MM em relevo

Por Márcio Andrade

Exposição da obra na sede social. (Foto: Márcio Andrade)
Quem pensa na Virada Cultural logo traz o centro da maior Metrópole do Brasil à mente. Poucos imaginam como os deficientes se divertem no evento e como podem apreciar certos tipos de arte. Pois é, caro leitor, saiba que a arte não tem esse lindo nome à toa. Afinal, a criatividade é uma virtude muito apreciável. É hoje um evento ímpar para o estado de São Paulo, pois acontece em várias cidades prestigiando e incentivando o público em geral. Este ano ela parece ter inovado ou se tornado muito mais especial. As artes foram todas exploradas nas apresentações como músicas, teatros, comédias, danças, culinárias, pinturas e inclusive apresentações esportivas. Inovadora, pois neste ano teve shows fora da região central, como praças, centro culturais e de lazer. Isso trouxe um resultado positivo. Os visitantes do SESC Interlagos que fica na região do extremo sul da capital de São Paulo relatam um pouco sobre tal experiência.

“Vou te falar a verdade, desde 2009 que vou à Virada Cultural e esse ano as atrações do centro não me chamaram muito a atenção, como eu tinha que trabalhar hoje pensei em vir pro SESC que é mais perto de casa e tudo, imaginava ter visto, quando noticia alguma coisa é sempre lá no centro e o foco não fica tanto no SESC, Casa das Rosas e outras instituições, aí comecei a olhar melhor a estrutura lá no site e decidi vir pra cá e fiquei muito surpresa porque é completamente diferente, bem família mesmo, parecida com festa de interior, gostei muito mesmo, principalmente da exposição 35mm em Relevo porque pensou até em quem tem deficiência visual”, diz Ângela Maria da Silva, moradora do Jardim Gaivotas que visitava o SESC Interlagos com os filhos Gabriela de 11 anos e Nicolas de 7 anos.

Esta exposição citada pela visitante Ângela aconteceu na sede social do local. São obras que propõe um olhar diferenciado sobre as cenas clássicas de filmes brasileiros. Privilegia o público com necessidades especiais embora não seja voltado para eles, apresentando uma série de 15 imagens produzidas em relevo. Usa linguagem simples, clara e direta para transmitir o conteúdo expositivo e estimular a percepção de formas inusitadas pelo o tato. O Professor Alfonso Ballesteiro é o autor das obras, recebeu o Grande Prêmio Olho Latino, no dia 14 de maio, após ter participado da 5ª Bienal Nacional de Gravura, na cidade de Atibaia, interior de São Paulo.

Mãe amamenta o filho herói Macunaíma, cena do filme inspirado no livro. (Foto: Márcio Andrade)
“Na verdade 35mm tem todo um histórico, ela foi pensada em primeiro lugar para o SESC Ipiranga como uma parceria com a Terra Vista uma exposição com cenas do cinema brasileiro para deficientes visuais, por isso que as telas são em alto relevo, só que depois ela foi para o cine SESC e agora ela veio para Interlagos, a idéia era casar essa exposição 35mm com o Festival Melhores Filmes que ocorre em abril também, mas aí agente acabou inaugurando na virada”, diz Vanderlei Mastropaulo que é um dos responsáveis pela programação do SESC Interlagos na Virada.

Quem não conhece tanto o cinema brasileiro fica curioso com os filmes como Macunaíma, Dona Flor e Seus Dois Maridos, Vidas Secas entre outros, as sinopses também estão em braile. Alguns artistas são conhecidos graças à televisão como as atrizes Maitê Proença e Marília Pêra. Você pode tocar as obras e sentir a face e os acessórios dos personagens. Pode ficar fascinado pelos detalhes esculpidos como cabelos e objetos muito pequenos. É só fechar os olhos para ver. Pode parecer até irônico, mas é assim que você consegue perceber melhor a intenção desta obra. Nem sempre a visão, que muitas vezes nos engana, deve ser colocada em primeiro plano. É preciso usufruir de todos os sentidos para desfrutar melhor as coisas da vida.

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