A eternidade dos Beatles

Da beatlemania, nos anos 60, aos dias atuais, a perenidade da música dos Beatles é garantida pelo prazer de ouvir e tocar os hits mais emblemáticos do século 20.

Por Alessandra Formiga

Foto: EMI London
The Beatles – a maior banda de rock de todos os tempos - não tiveram o que poderíamos chamar de uma longa carreira. Também não foram geniais guitarristas em suas primeiras composições. Mas, do ponto de vista cultural, com a revolução na música e nas letras, o legado que eles deixaram é inestimável. Quando cantaram I Want to Hold Your Hand para uma juventude sedenta por mudanças, em resposta, os jovens deram não apenas as mãos, mas o corpo e a alma para os rapazes de Liverpool. Como resultado, a música pop mundial, depois de canções como Yesterday, Hey Jude, Eleanor Rigby e tantas outras, nunca mais foi a mesma. Aliás, o legado que os Beatles deixaram excedeu à música maravilhosa que eles criaram. Os cabelos da rapaziada chegaram aos ombros e, depois, ficaram curtos novamente. As roupas passaram a ter mais cores. Em todas as fases dos Beatles, dos ternos moderninhos ao estilo colorido do psicodelismo, eles ditaram a moda e influenciaram o comportamento de várias gerações no mundo inteiro.

Foto: UPI
No entanto, a grande influência que os Beatles exerceram foi mesmo na música. Antes deles, os “conjuntos” que surgiram em garagens apenas reproduziam o som de grupos instrumentais americanos. Durante as apresentações, a performance das guitarras solos em hits como Blue Star, Caravan, Apache e outros imortalizados por grupos como The Ventures ou The Shadows era suficiente para impressionar a platéia. Até que os Beatles aparecerem gritando yeah! yeah! yeah!, cuja tradução no Brasil – iê, iê, iê – foi a melhor denominação do rock nacional no início da década de 60. Pronto! Estava lançada a beatlemania, outra expressão saída dos fornos culturais brasileiros, que dava nome ao fenômeno inglês no país.

A precisão vocal dos duetos criados por Lennon/McCartney encantou os “conjuntos”, que tinham apenas guitarra solo, base, baixo e bateria, ao ponto de incluírem mais um item: o microfone. A partir daí tudo seria diferente! O desafio agora não era fazer o melhor solo, mas cantar igual aos Beatles.

Desde então, as bandas de rock surgiram com novos estilos sem, contudo, negarem o impacto que o quarteto inglês causou nas suas carreiras.

A perenidade dos Beatles foi reafirmada recentemente por Paul McCartney que, aos 68 anos, numa turnê mundial, emocionou diferentes gerações e levou multidões aos estádios.

Bandas Cover dos Beatles – o legado que se mantém vivo

Fonte: Prefeitura de São Paulo
Os Beatles criaram muitas manias: cabelos compridos, roupas extravagantes, um jeito libertário de ser e mais: colocaram letras nas contracapas dos discos, inventaram o vídeo clipe, introduziram instrumentos exóticos e estranhos à música pop (como cítaras e violinos) e, acima de tudo, deixaram um tipo de música que, dizem, é eterna. Ao considerar o ano em que algumas canções foram criadas e o frisson que elas ainda despertam, fica difícil contestar essa afirmação. Isso chama a atenção para algo que surgiu junto com a beatlemania: o prazer de tocar as músicas dos Beatles, revivido pelas bandas cover. Dentre as muitas que surgiram, fizeram sucesso e desapareceram, uma resiste ao tempo com competência e talento: Beatles 4Ever. O quarteto, mais do que apenas interpretar as canções, conta a trajetória do grupo inglês durante as apresentações. Celso Anieri e Marcus Rampazzo, criadores dos Beatles 4Ever em 1976, passaram cerca de quatro anos formatando o espetáculo com pesquisas, ensaios, produção de cenários e figurinos para, finalmente, estrear no teatro Procópio Ferreira em São Paulo. Desde a estréia, em 1980, eles já se apresentaram em todos os estados brasileiros ultrapassando a marca de 6000 shows, incluindo a temporada de quase oito anos no Teatro Crowne Plaza.

A arte de reviver épocas

As apresentações começam com a fase da "beatlemania", quando os Beatles usavam elegantes ternos e um corte de cabelo revolucionário para a época. A história passa pela fase psicodélica onde fizeram álbuns que são referência musical até hoje como, por exemplo, Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, que completou 40 anos em 2007 e é considerado o melhor álbum da história do rock, segundo a revista Rolling Stones. A seguir, a fase final do quarteto, prestes a se separar, porém sem deixar de compor canções inesquecíveis. O espetáculo é marcado pela fidelidade com que os integrantes apresentam a história dos Beatles. Todas as roupas e adereços são réplicas fiéis dos figurinos usados pelos Beatles. Eles usam também as mesmas marcas de guitarras dos Fab Four. “Nós procuramos parecer o máximo possível com os Beatles, não apenas na aparência, como nos arranjos, e nos próprios instrumentos”, explica o guitarrista Marcus Rampazzo.

Fonte: Prefeitura de São paulo
Na Virada Cultural 2011, milhares de pessoas vibraram com o espetáculo da banda. Os Beatles 4Ever apresentaram o projeto chamado “The Beatles Complete Works” que consistia em tocar todos os álbuns dos Beatles, em ordem cronológica, durante as 24 horas do evento. “Nenhuma banda havia se apresentado durante tantas horas na Virada Cultural, com um palco exclusivo, e ficamos muito felizes porque o Boulevard São João estava lotado o tempo todo, com as pessoas cantando e torcendo por nós”, disse Fábio Colombini, um dos integrantes do grupo.


Fonte: Prefeitura de São Paulo
Os talentos de Ricardo Júnior (Paul McCartney), Marcus Rampazzo (George Harrison), Fabio Colombini (John Lennon) e Ricardo Felício (Ringo Starr) garantiram o sucesso de público. O show foi o mais visto na sétima edição do evento. “Eu adoro ouvir a música dos Beatles! Uma pena não ter vivido naquela época porque deve ter sido sensacional”, diz Ana Gabriela da Silva, 18 anos, estudante. “Eu curto heavy metal, mas acabei gostando dos Beatles por influência do meu pai, um beatlemaníaco”, declara Artur de Almeida Campos, 25 anos, auxiliar técnico de educação, provando mais uma vez a eternidade dos Fab Four.

Se o público gostou do que viu e ouviu na apresentação da Virada Cultural, os integrantes da banda também curtiram a saga musical. “Muitas pessoas ficaram lá com a gente durante 24 horas! Em muitos momentos também nos emocionamos com o público. Foi um show inesquecível”, finaliza Ricardo Júnior, o Paul McCartney.

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