Maracatu Estrela Brilhante de Igarassu

Por Treicy Keller


A 7ª edição da Virada Cultural aconteceu nos dias 16 de abril a partir das 18 horas e se estendeu até as 18 horas do dia seguinte. Foram então, 24 horas ininterruptas de programação, que ofereceu ao público mais de mil atrações gratuitas em diversos locais da cidade de São Paulo.

A Virada Cultural acontece anualmente através de uma realização da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo em parceria com o SESC, com a Secretaria de Estado da Cultura e com importantes instituições culturais da cidade. Este ano, os organizadores do evento mantiveram uma característica muito marcante na Virada que é a diversidade cultural. Teatro, cinema, dança, shows (de rock, MPB, clássico, samba etc.) foram somente algumas das atrações que o público pode apreciar.

Um desses espetáculos trouxe para São Paulo, um pouco da cultura pernambucana, o maracatu.

Dentre as apresentações de maracatu na Virada Cultural, São Paulo recebeu o grupo Maracatu Nação Estrela Brilhante de Igarassu, que se apresentou em vários palcos da cidade. O Jornal Fapcom acompanhou os dois shows deles realizados no SESC Pompéia foi às 19H30 no sábado e às 16H no domingo.

O Maracatu Estrela Brilhante de Igarassu nasceu em 1824, e se trata de uma das agremiações mais antigas do Brasil -186 anos-, justamente por isso é considerado o maracatu de baque virado mais tradicional de Pernambuco. É liderado por Dona Olga, e por seu filho mais novo Gilmar Santana, que lutam para manter a tradição e o compromisso ancestral.

Para quem não conhece, maracatu é uma manifestação cultural da música, da dança e até do teatro do folclore pernambucano. É formada por uma música feita com instrumentos de percussão que acompanham um cortejo real. É uma mistura das culturas indígena, africana e europeia e teve seu surgimento em meados do século XVIII.

O maracatu mais tradicional é chamado de baque virado, pois este termo corresponde a um dos "toques" característicos do cortejo. Estes cortejos de maracatu são referências às antigas cortes africanas, que ao serem conquistados e vendidos como escravos trouxeram suas raízes e mantiveram seus títulos de nobreza, no Brasil.

A Estrela Brilhante de Igarassu teve uma apresentação típica de maracatu de baque virado. Os tocadores com seus instrumentos de percussão davam ritmo à apresentação da corte. Este tipo de maracatu sempre começa em ritmo mais lento, que depois acelera com as batidas dos instrumentos.

O cortejo mostrado no SESC era composto por um porta-estandarte abrindo as alas. Atrás seguia a dama de paço, que carregava uma boneca de cera e madeira, a chamada Calunga, que pode representar uma entidade, ou então uma rainha já falecida. Atrás seguiam as baianas, depois a corte e o rei a rainha dos maracatus.

O maracatu também era composto pelos batuqueiros (com suas roupas que representavam as cores da bandeira do Brasil) que usam diversos tipos de instrumentos de percussão, como os tambores, ganzás e os gonguês.

O público, no começo era tímido e só assistia, mas os batuques contagiantes transformaram o acanhamento em interação. As pessoas dançavam cada um do seu modo e até mesmo cantavam, já que as letras são refrões que se repetem. O casal Iasmim Santana, 24, e Bruno Nóbrega, 24, assistiram a apresentação do domingo, e afirmaram que não conheciam maracatu, e que estavam lá “só de passagem”, mas que gostaram muito do show devido a animação e a alegria que “tomou conta do lugar”.

Além das cores e dos brilhos das roupas dos integrantes, os batuques e a alegria, a mistura de raças também ajudou a “desenhar” o belo cenário que se transformou no SESC Pompéia. Gente branca, negra, oriental, pessoas novas e com mais idade, todos “faziam arte” juntos com os dançarinos e músicos, já que o distanciamento entre público e artista não existia.

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